Jornalista colombiano é morto a tiros por agressor não identificado

Nova York, 22 de março de 2010—Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) exorta as autoridades colombianas a investigarem em profundidade a morte do jornalista Claudomiro Castilla Ospina, que na sexta-feira foi assassinado por um agressor desconhecido na cidade de Montería, no norte do país, segundo as informações da imprensa local.

Castilla, de 50 anos, proprietário e editor da revista El Pulso Del Tiempo, estava lendo um livro no terraço de sua casa em Montería, por volta das 21h00, quando um indivíduo disparou ao menos oito vezes contra ele, de acordo com os informes da imprensa. Um segundo homem apanhou o agressor e ambos, segundo as informações da imprensa, fugiram em uma moto. Castilla morreu no local.

 

Segundo jornalistas locais que conversaram com o CPJ, Castilla havia recebido várias ameaças de morte nos últimos quatro anos em represália por sua cobertura jornalística sobre as ligações entre políticos locais, proprietários de terra e grupos paramilitares de extrema-direita.

 

A organização local de direitos humanos Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP, por sua sigla em espanhol) informou em um comunicado no sábado que o governo colombiano havia fornecido proteção a Castilla entre 2006 e 2009 devido às numerosas ameaças contra ele. Entretanto, em novembro de 2009 o Ministério do Interior negou proteção a Castilla baseado em um informe da agência nacional de inteligência que indicava que o jornalista não estava em situação de risco, segundo a FLIP.

 

Uma jornalista colombiana, que pediu para não ser identificada por temer represálias, relatou ao CPJ que pouco antes de sua morte, Castilla havia noticiado sobre a suposta participação de um proprietário de terras local na morte de um advogado de Montería, a corrupção em agências do governo local, e os supostos vínculos entre paramilitares e funcionários do governo local. As investigações do CPJ indicam que a maioria dos jornalistas colombianos não aborda questões similares por receio de retaliações.

 

A imprensa local informou que a Polícia Nacional da Colômbia, encarregada da investigação, não revelou possíveis motivos para o crime nem identificou nenhum suspeito.

 

“Exortamos as autoridades colombianas a investigarem pronta e completamente o assassinato de Clodomiro Castilla Ospina, e solicitamos que examinem se o Ministério do Interior encerrou prematuramente a proteção ao jornalista”, declarou Robert Mahoney, diretor-executivo do CPJ. “Os repórteres regionais estão particularmente em risco e frequentemente preferem não informar sobre temas delicados. Castilla corajosamente não praticou a autocensura, e seu assassinato demonstra a necessidade de as autoridades mostrarem seu compromisso com a proteção à imprensa”.

 

O presidente colombiano Álvaro Uribe Vélez condenou o assassinato e ofereceu uma recompensa de 50 milhões de pesos colombianos (US$ 26.000) por qualquer informação sobre o crime, de acordo com a imprensa local.

 

No informe anual de 2009, o CPJ averiguou que ao menos 68 jornalistas morreram em todo o mundo devido ao seu trabalho informativo durante o ano, a mais alta cifra já registrada pela organização. Uma das vítimas daquele ano foi o jornalista colombiano José Everardo Aguilar, de 72 anos, correspondente da Rádio Súper na cidade de Patía, que foi baleado dentro de sua casa em 29 de abril. O jornalista era conhecido por sua aberta crítica à corrupção e denúncia de vínculos entre políticos locais e grupos paramilitares de extrema direita.