Dois jornalistas assassinados na Guatemala, um terceiro ficou ferido

Bogotá, Colômbia, 11 de março de 2015– Dois agressores armados mataram a tiros dois jornalistas e feriram um terceiro na terça-feira, segundo as informações da imprensa. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) insta as autoridades guatemaltecas a realizar uma investigação completa sobre o ataque e a garantir que seus autores sejam processados.

Os atacantes assassinaram Danilo López, jornalista do diário Prensa Libre da Cidade da Guatemala, e Federico Salazar, repórter da emissora de rádio Nuevo Mundo, da mesma cidade, enquanto eles caminhavam por um parque em Mazatenango, capital do departamento [estado] de Suchitepéquez, ao sul, segundo as informações da imprensa. Os atacantes escaparam em uma motocicleta.

Um terceiro jornalista, Marvin Túnchez, repórter da televisão a cabo local Canal 30, ficou ferido no tiroteio, mas está se recuperando em um hospital da localidade, disse ao CPJ sua irmã, Blanca Túnchez.

“As autoridades devem investigar a fundo este ataque e processar os responsáveis”, afirmou em Nova York o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “A Guatemala tem um histórico alarmante em matéria de impunidade em casos de ataques contra a imprensa. Se as autoridades permitirem que estes crimes permaneçam sem solução, todos os jornalistas locais enfrentarão ainda mais perigos”.

López trabalhou como correspondente do Prensa Libre em Suchitepéquez durante mais de uma década e frequentemente escrevia sobre corrupção e a fiscalização do gasto público, segundo o jornal. Também havia comparado políticos corruptos com as máfias que operam na região em sua conta no Twitter, segundo informou o Prensa Libre.

Miguel Angel Mêndez Zetina, editor do Prensa Livre, afirmou que o jornalista “havia recebido constantes ameaças por parte de autoridades municipais do departamento, pela publicação de atos de corrupção”, segundo o jornal.

Em 2013, López havia sido ameaçado publicamente por um funcionário público após publicar um artigo sobre projetos de obras públicas na cidade, segundo o grupo de liberdade de imprensa CERIGUA.

Marvin Robledo, diretor da Rádio Nuevo Mundo, disse à agência Associated Press que Salazar não havia informado sobre ameaças e não estava trabalhando na cobertura de temas sensíveis quando foi assassinado.

Jorge Ortega, porta-voz do presidente Otto Pérez Molina, garantiu à imprensa que o governo estava trabalhado para deter os responsáveis. As autoridades prenderam um indivíduo que suspeitam ter sido um dos agressores, segundo informações da imprensa publicadas hoje.

Jornalistas do Prensa Libre decidiram na tarde de quarta-feira observar um minuto de silêncio na redação pelos assassinatos, segundo informou o jornal. López era casado, tinha uma filha de cinco anos, e sua mulher está grávida.

Um relatório especial publicado pelo CPJ em setembro concluiu que em um contexto de violência e de instabilidade generalizados provocados pelo crime organizado e a corrupção, a Guatemala tem experimentado um aumento alarmante no nível de violência contra a imprensa, que permanece impune.

  • Para mais fatos e análises sobre a Guatemala, visite a página do CPJ sobre o país.