Proprietário de rádio assassinado a tiros na Colômbia

Bogotá, 18 de fevereiro de 2015– O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou o assassinato no sábado de um proprietário de rádio colombiano e insta as autoridades a apurar o motivo e processar os responsáveis. Luis Carlos Peralta Cuéllar era jornalista e aspirante à prefeitura que frequentemente criticava a corrupção política em sua rádio na cidade de Doncello.

“Luis Carlos Peralta Cuéllar não deve ser mais um nome na longa lista de jornalistas assassinados com impunidade na Colômbia”, afirmou em Nova York o subdiretor do CPJ, Robert Mahoney. “As autoridades devem investigar todos os possíveis motivos, incluindo o jornalismo de Peralta e qualquer possível implicação política no crime, e processar os responsáveis”.

Peralta, de 63 anos, era proprietário e diretor da emissora Linda Estéreo, em Doncello. Ele recebeu três tiros na cabeça disparados por dois homens armados que irromperam em sua casa por volta das 18h00, disse ao CPJ Geovanny Canacué, repórter da Linda Estéreo. A esposa de Peralta foi atingida por um tiro no braço, e está se recuperando em condições estáveis em um hospital local, acrescentou Canacué. O ataque ocorreu na casa de Peralta, que também é a sede da rádio.

A Linda Estéreo foi fundada por Peralta em 1998 e frequentemente transmitia reportagens críticas durante um segmento chamado “Palabras del Director”. Canacué afirmou que Peralta amiúde utilizava o segmento para denunciar corrupção governamental em Doncello e em povoados vizinhos. O jornalista havia informado recentemente sobre supostos superfaturamentos na compra de caminhões de lixo em Doncello, segundo a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP, sigla em espanhol), com sede em Bogotá.

Oito dias antes de ser assassinado, Peralta afirmou a Canacué que havia recebido ameaças, mas que não queria falar sobre o tema pelo telefone. Os dois haviam combinado se encontrar para conversar sobre os detalhes, contou Canacué.

O Coronel William Alberto Boyacá, comandante da polícia no estado de Caquetá, anunciou uma recompensa em dinheiro por informações que conduzam à captura dos assassinos. Ele disse que até o momento não ocorreram detenções.

Peralta foi assassinado um dia após anunciar que iria concorrer nas eleições de outubro à prefeitura de Doncello, cidade no estado meridional de Caquetá que foi, durante muito tempo, um bastião da guerrilha marxista.

“Eu acho que sua morte pode estar relacionada ao fato de ele sempre denunciar políticos corruptos e agora querer concorrer à prefeitura de Doncello”, afirmou José Ever Perdomo, jornalista que havia trabalhado com Peralta no La Nación, jornal publicado na cidade próxima de Neiva.

Fernando Troncoso, prefeito de Doncello, não retornou os telefonemas do CPJ solicitando seus comentários.

Em agosto de 2010, a polícia desativou uma bomba caseira feita com mais de 50 libras de explosivos que descobriu perto da Linda Estéreo, segundo as informações da imprensa. Os jornalistas que informam sobre questões sensíveis como o prolongado conflito armado do país, a criminalidade e a corrupção, viram ressurgir a violência e a intimidação nos últimos anos, segundo os dados do CPJ.

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