A Venezuela deve apresentar provas ou libertar documentarista

Nova York, 26 de abril de 2013 – As autoridades venezuelanas prenderam quarta-feira um cidadão norte-americano trabalhando em um documentário no país e o acusaram de instigar tumultos.

Thimoty Hallet Tracy, aspirante a cineasta que trabalha como produtor e consultor de cinema e televisão na Califórnia, está na Venezuela desde 2012 filmando acontecimentos recentes, segundo as reportagens da imprensa e fontes do CPJ. Agentes da inteligência detiveram Tracy no aeroporto internacional de Caracas, capital, quando ele estava prestes a deixar a Venezuela, segundo as informações da imprensa.

“As autoridades venezuelanas devem apresentar evidencias factuais para apoiar suas acusações ou libertar Tracy imediatamente”, disse o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “Instamos as autoridades venezuelanas a permitir que todos os jornalistas possam trabalhar sem interferência oficial”.

Tracy, 35, foi detido duas vezes por agentes da inteligência da polícia, conhecida como SEBIN, antes de sua prisão na quarta-feira, segundo as informações da imprensa.

O ministro de Relações Interiores, Justiça e Paz venezuelano, Miguel Rodríguez Torres, disse em uma conferência de imprensa que Tracy estava envolvido em uma conspiração para desestabilizar o país em nome de uma agência de inteligência não nomeada dos EUA desde as contestadas eleições presidenciais de 14 de abril. Sem fornecer quaisquer nomes ou detalhes, Rodríguez disse que Tracy estava recebendo fundos de uma organização sem fins lucrativos estrangeira não identificada e canalizando a verba para organizações estudantis envolvidas em protestos contra o governo.

Como evidência do envolvimento de Tracy em um complô de desestabilização, Rodríguez apresentou um vídeo. Em algumas tomadas, revisadas pelo CPJ e supostamente filmadas por Tracy, jovens são vistos fazendo piadas em um quarto escuro. Em oura cena, o general da reserva Antonio Rivero, uma figura da oposição, fala sobre as manifestações, o que Rodríguez caracterizou como instruções aos apoiadores do líder da oposição Henrique Capriles.

Rodríguez disse que uma busca em um apartamento resultou na apreensão de dezenas de vídeos e fotografias que, segundo ele, provam que Tracy estava envolvido em um complô.

A prisão de Tracy ocorre em um momento de tensão elevada na Venezuela. O presidente Nicolás Maduro, que sucedeu o falecido Hugo Chávez após uma vitória apertada contra Capriles, acusa a oposição política de tentar orquestrar um golpe de Estado apoiado pelos EUA, segundo as informações da imprensa. Ao menos sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em confrontos entre manifestantes da oposição e a polícia, segundo as reportagens. Capriles afirma que foi roubado na eleição e que vai contestá-la na justiça.