Repórter dominicano ferido durante cortejo fúnebre

Nova York, 2 de fevereiro de 2011 – Policiais dominicanos feriram na sexta-feira o jornalista Francisco Frías Morel, que cobria o cortejo fúnebre de um jovem morto durante um tiroteio da polícia na cidade de Nagua, no nordeste do país, segundo as informações da imprensa e entrevistas realizadas pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). A organização instou hoje as autoridades locais a conduzir uma investigação completa e a levar os responsáveis à justiça.

“Condenamos o uso da violência pela polícia dominicana para impedir a cobertura de notícias”, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Instamos as autoridades a investigar o ataque e a processar os responsáveis”.

Frías fazia parte de um grupo de 15 jornalistas que cobria o cortejo fúnebre de Luís Alfredo Domínguez, de 21 anos, que morreu durante um tiroteio envolvendo forças policiais em 26 de janeiro, de acordo com a imprensa. Uma comissão policial está investigando a morte de Domínguez, que provocou protestos contra a violência policial, segundo informou o jornal El Nacional de Santo Domingo. Quatro policiais foram presos em conexão com a morte do rapaz.

Na sexta-feira, jornalistas que estavam à frente do cortejo foram confrontados por aproximadamente uma dezena de policiais, contaram Frías e Teonilda Gómez, correspondente em Nagua do jornal Listín Diario, de Santo Domingo. Os policiais dispararam projéteis de chumbo e lançaram bombas de gás lacrimogêneo, fazendo com que os repórteres procurassem se proteger, disseram Frías e Gómez ao CPJ. Frías foi atingido por projéteis de chumbo no rosto e abdômen, noticiou a imprensa local. Os jornalistas estavam com as credenciais de imprensa e equipamentos claramente identificados, inclusive máquinas fotográficas e câmeras, de acordo com Frías e Gómez. Frías foi levado por um colega a um centro de saúde, onde permaneceu até domingo. Um projétil de chumbo ficou alojado perto de seu olho esquerdo, informou a imprensa. Frías disse ao CPJ que procurará atendimento médico em Santo Domingo esta semana.

Frías, de 45 anos, é diretor da rádio Cabrera FM, autor de um blog de notícias, e apresenta um noticiário diário chamado “El Desahogo” na emissora Trébol FM. Ele havia criticado um relatório policial que concluía que Domínguez havia morrido durante um tiroteio com agentes locais. Frías denunciou em seu blog, Prensa Libre Nagua, e no “El Desahogo”, que a polícia havia disparado contra Domínguez à queima-roupa. 

Em uma entrevista com o CPJ, o comandante da polícia em Nagua, coronel Juan Antonio Lora Castro, garantiu que a polícia não disparou contra os jornalistas e que apenas tentavam dispersar o que chamou de uma apinhada multidão. Lora Castro, que assumiu o comando em Nagua esta semana, disse que a polícia utilizou balas de borracha na manifestação de sexta-feira.

Frías, que também trabalha no escritório local de um senador, disse acreditar ter sido alvo da polícia por seu noticiário sobre a morte de Domínguez. Ele garantiu que a multidão se encontrava a, pelo menos, 75 metros atrás do grupo de jornalistas e estava virando uma esquina.